Alimentação Saudável e Envelhecimento: Evidências de um Estudo de 30 Anos

Resumo:

• Estudo observacional, que acompanhou mais de 100.000 indivíduos por até 30 anos evidenciar que uma dieta saudável, sendo rica em frutas, vegetais, graus integrais etc apresentam maior probabilidade de envelhecer de forma saudável.
• Por outro lado, consumo frequente de alimento rico em gordura traz, processados e açucarados apresentam forte associação com menor chance de envelhecimento saudável.

O impacto da alimentação na qualidade de vida e na longevidade tem sido amplamente estudado nas últimas décadas. Dados recentes reforçam ainda mais essa relação, mostrando que padrões alimentares saudáveis estão associados a um envelhecimento bem-sucedido. Envelhecer de forma saudável não significa apenas viver mais, mas também viver com qualidade, livre de doenças crônicas, com preservação das funções cognitivas, físicas e emocionais.

Um estudo observacional robusto, que acompanhou mais de 100.000 indivíduos por até 30 anos, trouxe evidências claras sobre a influência da dieta no envelhecimento saudável. Segundo os pesquisadores, indivíduos que consumiam maiores quantidades de frutas, vegetais, grãos integrais, nozes, legumes, laticínios com baixo teor de gordura e gorduras insaturadas apresentaram uma probabilidade significativamente maior de envelhecer de forma saudável, chegando aos 70 anos ou mais sem doenças crônicas ou prejuízos cognitivos e funcionais.

Por outro lado, o consumo frequente de alimentos ricos em gorduras trans, sódio, carnes vermelhas ou processadas e bebidas açucaradas mostrou-se fortemente associado a uma menor chance de alcançar um envelhecimento saudável. Esses dados corroboram uma ampla gama de estudos prévios, que há anos alertam para os riscos do consumo excessivo desses alimentos, tanto para a saúde cardiovascular quanto para o desenvolvimento de doenças metabólicas e neurodegenerativas.

O estudo utilizou dados de dois grandes bancos epidemiológicos: o Nurses’ Health Study e o Health Professionals Follow-Up Study, ambos com início em 1986 e acompanhando os participantes até 2016. Dos mais de 105.000 participantes analisados, apenas 9,3% (cerca de 9.771 pessoas) atingiram os critérios de envelhecimento saudável, o que reforça a importância dos hábitos de vida, especialmente a alimentação, como fator decisivo nesse processo.

Entre os padrões alimentares analisados, destacou-se o Índice Alternativo de Alimentação Saudável (AHEI, na sigla em inglês), que apresentou a maior associação positiva com o envelhecimento saudável. Participantes no quintil mais alto de adesão a esse padrão tinham uma chance até 2,24 vezes maior de envelhecer de forma saudável quando o limite etário foi estendido para 75 anos. Esse padrão alimentar prioriza alimentos à base de plantas, integrais e minimamente processados, além de incluir, de forma equilibrada, alguns alimentos de origem animal, como laticínios com baixo teor de gordura.

Os achados deste estudo têm implicações diretas nas recomendações dietéticas para a população em geral. Eles sugerem que uma alimentação baseada majoritariamente em plantas, rica em alimentos naturais e com baixo teor de ultraprocessados, não só reduz o risco de doenças cardiovasculares e metabólicas, como também contribui diretamente para a preservação da saúde física, mental e cognitiva na velhice.

Diante disso, profissionais de saúde e gestores públicos devem continuar incentivando a adoção de padrões alimentares saudáveis, tanto na prática clínica quanto em políticas públicas de saúde. A promoção de dietas ricas em frutas, verduras, grãos integrais, nozes e legumes, além da limitação de produtos ultraprocessados, representa uma estratégia eficaz, não só para a prevenção de doenças, mas também para garantir uma vida mais longa, independente e com melhor qualidade.

Bibliografia:

Tessier AJ, Wang F, Korat AA, et al. Optimal dietary patterns for healthy aging. Nat Med. 2025;31(5):1644-1652. doi:10.1038/s41591-025-03570-5